quarta-feira, 1 de maio de 2019


Reescrita de publicação em 27/05/2018


A importância do Brincar

Segundo Fortuna (2000) a definição do jogo é inacabada, devido o paradoxo que envolve a atividade de jogar. Em cada sociedade tenta-se fazer uma definição do jogo, e observando, as diversas definições elas são pertinentes para cada meio social.
No contexto educacional, Fortuna (2000) discorre que os educadores sabem da importância do jogo para o desenvolvimento infantil. A criança através do jogo consegue evadir temporariamente da realidade dando vazão à realização de desejos muitas vezes impossíveis de realizar.
Porém, os professores muitas vezes não conseguem desenvolver um trabalho voltado a ludicidade, enfatizando o jogo para aprendizagem.
Segundo Fortuna, é importante o brincar quando as crianças são sujeitos da brincadeira e não apenas expectadores. É fundamental que a brincadeira provoque a ação e interação da criança. Ela nos fala que os brinquedos educativos são importantes, mas é preciso abrir espaço para as crianças brincarem sem comprometimento de estar sendo um brincar educativo/pedagógico (referindo-se a jogos educativos). O brincar por brincar.
Ela nos fala que muitas vezes quando prolongamos a brincadeira em sala de aula, parece que nossa consciência pesa, pensando, “eu poderia estar adiantando conteúdos e estou deixando os alunos brincar”. Porém, inúmeros autores destacam que o brincar de forma livre, especialmente para a criança pequena, proporciona interações com seus pares, adultos e objetos de forma prazerosa e enriquecedora, proporcionando-lhe diferentes possibilidades de aprender e desenvolver-se. Ou seja, o brincar desenvolve diversas habilidades como a inteligência, simbolismo, imaginação, emoção, criatividade.
O jogo segundo, Huizinga (ed. orig. 1938) foi descrito como uma  atividade voluntária, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotada de um fim em si mesma, acompanhada de um sentimento de tensão e de alegria e de uma consciência de ser diferente da vida cotidiana (caráter fictício).  Fortuna  coloca que existe muitas diferenças sociais e o jogo e seu valor vai variar em cada sociedade.
Delimitar com exatidão o que é da conta do jogo, brinquedo, brincadeira, ludicidade expõe a própria etimologia do jogo. É de Huizinga, também, a ponderação de que as diferenças lingüísticas relacionam-se com o valor social que tem o jogo em cada sociedade. A ausência de uma palavra indo-européia comum para o jogo é um indicador do caráter tardio do surgimento de um conceito geral de jogo. Apesar disto, diferentes línguas enfatizam os mesmos aspectos para referirem-se à atividade lúdica: este é o caso das línguas românicas e germânicas, em que a palavra jogo está relacionada a movimento. De outra parte, a expressão seriedade é uma tentativa de exprimir o não-jogo, embora o jogo possa incluir seriedade. Enquanto a palavra grega schola, antes de significar escola, foi usada para designar ócio, depois ócio dedicado aos estudos, a palavra latina ludus originalmente refere-se à escola, jogo, diversão infantil. Ócio, por sua vez, do latim otiu, remete à folga, repouso, mas também trabalho mental agradável. Na língua inglesa game sugere jogo com regras, desempenhando uma função social, enquanto play enfatiza o aspecto criativo do jogo. No francês, uma mesma palavra - jeu - serve de raiz para brinquedo, brincadeira, jogo, representação. (FORTUNA, 2000, p.147)

As crianças ao brincar em sala de aula estão desenvolvendo a socialização, formação de linguagem, linguagem corporal que tem papel importante no desenvolvimento linguístico.

Referências

FORTUNA, T. R. Sala de aula é lugar de brincar? In: XAVIER, M. L. M. e DALLA ZEN, M. I. H. (org.) Planejamento em destaque: análises menos convencionais. Porto Alegre: Mediação, 2000. (Cadernos de Educação Básica, 6) p. 147-164  

HUIZINGA, J. Homo ludens 4. ed. São Paulo: Perspectiva, 1993. (ed. orig. 1938) KEHL, M. R. Um jogo macabro. Folha de São Paulo. São Paulo, 7 mar. 1999. Mais!

Huizinga, J. (1999). Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. Perspectiva: São Paulo.