Monte Castelo
Renato Russo
Ainda que eu falasse a língua dos
homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria
É só o amor, é só o amor
Que conhece o que é verdade
O amor é bom, não quer o mal
Não sente inveja ou se envaidece
O amor é o fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer
Ainda que eu falasse a língua dos
homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria
É um não querer mais que bem querer
É solitário andar por entre a gente
É um não contentar-se de contente
É cuidar que se ganha em se perder
É um estar-se preso por vontade
É servir a quem vence, o vencedor
É um ter com quem nos mata a
lealdade
Tão contrário a si é o mesmo amor
Estou acordado e todos dormem
Todos dormem, todos dormem
Agora vejo em parte
Mas então veremos face a face
É só o amor, é só o amor
Que conhece o que é verdade
Ainda que eu falasse a língua dos
homens
E falasse a língua do anjos
Sem amor eu nada seria
A relação entre poesia
e música, demonstrada aqui pelo vínculo existente entre a música do grupo
Legião Urbana e o poema de Camões mostra como a poesia está liga à música.
Podemos sentir a geniosidade dos dois artistas.
Renato Russo em sua música “Monte
Castelo”, trás o poema de Luís de Camões “Amor é um fogo que arde
sem se ver” para nossos dias, para a juventude e com o texto bíblico “O
amor é um dom supremo” escrito pelo apóstolo Paulo à Igreja de Corinto. Há
ainda a alusão do título da música a uma batalha da Segunda Guerra Mundial
vencida por soldados da Força Expedicionária Brasileira, batalha na qual,
apesar da vitória, ocorreu uma baixa de 1000 pracinhas.
O autor da música, Renato Russo apropria-se de dois famosos textos sobre
o “amor” e constrói, a partir deles, a sua mensagem para uma geração que,
talvez, nunca tivesse acesso a esse poema de Camões, tão encantador e maravilhoso.
E aí que está a magia da poesia.
Luís de Camões (1524-1580)
pt.wikipedia.org/wiki/Monte_Castelo_(canção)